(Sonhei que, ao atravessar uma rua, pisei num fio de tensão elétrica e fiquei carbonizada.)
Vi-me, de repente, numa Nova Manhã. Brilhava um sol alvíssimo, incandescente. Um sol de meio-dia tropical, mas num clima excelente.
Rápido, como o pensamento, o meu espírito chegara a esse Lugar.
- Onde estou ? – indago
- Estás na Casa das Muitas Moradas.
- Então eu não morri?
- Não! Deus não é Deus de mortos! Ele é Deus dos vivos!
Eram dois anjos que me falavam. Seus nomes tinham a significação de Louvor e Adoração.
- Venha por aqui ... – disseram.
Eu pisava, de leve, sobre um tapete vasto, Macio como pétalas dos lírios.
Um coro imenso ouvi cantando e harpas, flautas, órgãos e carrilhões acompanhando ...
E era isto a morte? Não ! Era a Vida!
A Vida Eterna, No plano da Bem-aventurança!
Por entre nuvens, douradas, sorria, compassivo, para abrandar o meu espanto, o Salvador redivivo, Jesus glorificado! Caio de joelhos, dizendo as palavras de Tomé:
- Senhor meu e Deus meu!
Deram-me para segurar nas mãos (e eu não via mãos nem pés, mas os sentia) sim, deram-me para segurar nas mãos grinaldas e aleluias, antemas e sacras melodias, como se fossem objetos palpáveis. A música celestial se derramava pelo ar Embalsamando tudo ...
E eu procurava apanhar aquele sons, tão nítidos eram, para espalhá-los aos pés do meu Salvador, Jesus glorificado. E era tudo isto o novo plano da eternidade, o céu depois da morte!
Corríamos como a luz... os dois anjos e eu ... Sentia possuir mãos, pés, rosto e todos os sentidos, porque via melhor sem olhos. E sem o corpo eu mais sentia as vibrações da eterna Alegria.
E o bafejar da Fé no seu clímax. É para lá ... é mais além! ... Flores por toda a parte... A Ciência, o Saber e Arte, Frutificando como árvores gigantescas ...
Águas cantantes, fontes sobre pedras preciosas, Brisas sussurrando boas-vindas ... A Casa do Pai tinha milhões e milhões de moradas. Quantos queridos rostos a sorrir Por entre o ressoar de sininhos de cristais!
Mas dentre todos, sobressaia aquele excelso Rosto que todos adorávamos e onde quer que fôssemos, nós O víamos – Jesus Cristo, o Sol da Justiça, brilhando, brilhando na Cidade Santa.
E era isto a morte? Não! Era a VIDA, na sua dimensão desmedida, eternidade em fora, Numa Festa sem fim.
O perfeito LOUVOR ressoava, em redobrados ecos, partido dos corações dos anjos e dos redimidos e dado ao Cordeiro de Deus glorificado, ao Salvador que eu via.
Eu não tinha morrido! Agora é que eu vivia.
- Venha ver o rio das águas vivas, o rio que eternamente canta, diz-me o anjo Adoração.
Os espíritos fora da carne tinham uma força tal, um sexto sentido milhões de vezes mais nítido, impossível de descrever. Tinham a força dos relâmpagos. E eu pensava: "Podia refletir muito mais, no Dia em que se processasse a ressurreição! Meu Deus! Como seria então, se os espíritos já podiam gozar tanto a magnificência do céu! Como seriam, dentro de corpos glorificados?"
O rio ficava lá no alto, no meio da grande Praça. E continuávamos a andar, os dois anjos e eu. O rio das águas vivas! E eu me lembrava das Escrituras e recitava: “Há um rio cujas correntes alegram a Cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo!”
- Daqui você escuta o rio cantando! Oh! Inenarrável! Era como se primeiros violinos adestrados fizessem uma orquestra em surdina ... E as águas corriam ... Outra vez eu me lembrava das Escrituras Que trazia de cor: “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro!” Tudo era a Verdade: “Para sempre, ó Senhor, a Tua Palavra permanecia no céu!”
Vou subir a grande escada. A escada sem topo e sem medida... Tem formato de Cruz e seu nome é VIDA. As letras estão iluminadas, Os degraus são diamantes. Neles estão engastadas pedras preciosas. E todas essas gemas simbolizavam A fé e o heroísmo dos santos que tombaram. E o coro imenso continuava, À margem daquele rio que cantava. E eu sentia Que tomava parte naquela Harmonia.
Oh, meu Deus, e era isto a morte? Não! Era a Vida verdadeira, Dentro do plano da eternidade, que Jesus Cristo preparara quando dissera: “Para que onde Eu estiver, ó Pai, eles estejam comigo".
Vou subir o primeiro degrau. Emocionada, encantada, piso com força. A ponta do meu pé ... e acordo, de repente... Tudo fora um sonho, e que sonho! Quando me lembro dele, suponho que via a realidade. E continuo recordando: Os espíritos se moviam como raios de luz, com a diferença de que esses raios tinham plena consciência, raciocínio, pensamentos, idéias, alegria, louvor, vida, VIDA, VIDA, na dimensão eterna que não tem medida.
Os espíritos se dirigiam aonde queriam, como se tivessem pés, rápidos como se tivessem asas, e respiravam o ar celestial! Muito melhor e muito mais do que na atmosfera terrestre. E eu também respirava e cantava e gesticulava no entanto, não me via, não via os meus braços, nem meus pés, e eu os possuía mais destros e mais enérgicos do que os que tinha na terra. A minha alegria era imensa, imensa, que até o coração batia como se tivesse coração de carne.
Acordo. Abro os olhos. O sol da terra parecia apagado, e a atmosfera parecia desfazer-se em cinzas ... E era isto a vida? Não! Era o Vale da sombra da morte.
Jornaleiros gritavam pelas ruas, fazendo a propaganda dos jornais: - Guerras! Terremotos, Assassinatos! - Desastres! Terrorismos! Seqüestros! Enchentes e inflações e carestia e miséria ... Abro a janela e espio: Crianças esfarrapadas, pedindo abrigo ao frio. Poluições de toda a espécie e de superstições um lago imundo... A ignorância e a crendice grassando no terceiro mundo. Doenças, traições, armas nucleares, desconfiança entre as nações e destruição dos lares ... A fome, o desemprego, a descrença.
Corriam, como quem corre da desgraça e da calamidade... Ocultando suas lágrimas, os vigias de Deus deixavam cair os braços em desalento ... E sobre a cruz esquecida, os homens coroavam o mundo e os seus prazeres ... E era isto a vida? Não! Era o Vale da sombra da morte.
Vida ficara no outro lado, no plano alcandorado que o Pai idealizou e o Filho cumpriu. Neste sonho experimentei, como quem prova uma colherinha só, por assim dizer, do MANÁ mais carinhosamente preparado. Vislumbrei O CÉU DEPOIS DA MORTE, PORQUE DEUS NÃO É DEUS DE MORTOS, MAS DOS VIVOS! O Deus de Abrãao, de Isaac e de Jacó, o Deus dos remidos pelo Sangue de Jesus Cristo, o Deus Único e Verdadeiro, Criador dos céus e da terra. O CÉU DEPOIS DA MORTE!
Glorificado seja o NOME DO SENHOR, pelos séculos dos séculos, anos contados aqui na terra; e por toda a eternidade, onde os anos não se contam mais.
Stela C. Dubois (in memoriam. Ela ja esta la)
sábado, 7 de novembro de 2009
O RETRATO DA MORTE E O RETRATO DA VIDA , por Stela C. Dubois
Postado por Hugo Giuberti. Rompendo em fe ! às 13:42
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