O luto e o Parto

Hoje lembrei-me do parto...
dos instantes, ou talvez horas, que antecedem o momento radiante , em que uma mae ve pela primeira vez...o seu filho.
E lhe toma no colo, lhe da um afago, lhe cheira o corpo, e enfim o beija.
Lembrei-me daqueles minutos, ou sim, talvez horas, que antecedem o momento em que uma mae, ve o rosto de seu filho tao esperado...
Lembrei-me da alegria de embalar nos bracos, o rebento que acabara de chegar ao mundo...
E eles , nossos filhos, se aninham nos nossos colos, protegidos, seguros.
Lembrei-me entao, daqueles momentos que antecedem essa alegria...quando veem as dores.
Veem assim subitamente, ainda que ja esperassemos, que a qualquer momento viriam.
Ainda assim nos surpreendem as dores do parto.
Algumas vezes sao tao grandes. Outras vezes podemos suporta-las.
A dor aumenta, e aumenta, ate que se torna insuportavel, e gritamos...e choramos...
Outras vezes ela se torna amena e ficamos quietinhas esperando ...esperando...
Entao o tempo vai passando...e aquelas dores vao aumentando.
Quanto mais o tempo passa, mais dores sentimos...
As dores aumentam a medida que o tempo passa, e quando elas endurecem nosso ventre, e contraem os nossos corpos, encolhemos nossos corpos como criancas, e choramos...
Choramos porque doi. Doi muito...
Nossas entranhas se preparam para o grande momento!
Nosso ventre prepara a hora do abraco...do afago...do beijo...
E antes disso sofremos...
Padecemos as dores das contracoes...
Padecemos as dores, agora, do luto...ate a hora do abraco...do afago...do beijo...
Ate a hora do reencontro...
Ate o momento que reviveremos aquela emocao que sentimos, no passado, quando os tivemos, pela primeira vez nos bracos.
E novamente os afagaremos...os abracaremos...e os beijaremos...
Se na primeira vez confiamos em anestesias humanas.
Hoje dependemos da fe em Deus.
Se na primeira vez confiamos nos doutores da ciencia.
Hoje confiamos no criador de toda ciencia humana.
Se antes confiamos nos homens de branco.
Hoje descansamos a sombra do Onipotente!

Te amo Papai, e confio nas tuas promessas...
De tua filha tantas vezes ingrata.