As maes orfas querem dormir...

Parem o mundo!
Parem as estrelas que brilham...
O sol que clareia o dia ...
A penumbra da lua...
Que tudo seja breu...
Que nao existam cores...
Nem o verde que nasce da terra...
Que nao exista terra...
Nem os homens que nela plantam...
Nem a fome...
Nem os alimentos...
Nos alimentaremos de dor!
Parem os mares!
Parem as borbulhas das cataratas,
Parem o rio que desemboca,
As ondas das praias que insistem em soar o som da paz do mar...
Parem os ceus!
Parem a terra!
Parem os passantes e os sons de suas bocas!
Parem os sorrisos...
A alegria que extravassa nas gargalhadas...
Parem tambem o pranto...
E o choro das suplicas dos pedintes...
Parem a musica!
A harmonia de cada nota...
Ate o canto dos passaros...
Calem-se!
Calem os acordes...
Calem os teclados...
Calem todo som!
Oucam nossas dores!
Ela e latente!
Audivel...
Oucam!
Parem a vida!
Despetalem todas as flores!
Arranquem toda a grama...
Todos jardins.
Morram mortos e feridos...
Parem o brilho dos olhares!
Parem o olhar...
Parem o mundo!
Deixem nos, maes orfas, dormirmos...
E quando estivermos no mais profundo silencio...
Dentro do breu que corta a alma...
E somente as estrondosas batidas de nossos peitos nos incomodar...
Entao parem-os!
Pare nossas vidas...
Pare o nosso ar...
Pare as nossas lembrancas ternas...
E leve-nos ao reencontro...


Por Lucilia Medina